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Arquitetos: Carlos Castanheira
- Área: 150 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. O acesso é uma linha reta por entre azinheiras que desafiam todas as regras da estabilidade prolongando os seus braços em consolas impossíveis. É um monte e sobre o monte se erguem as construções. Recentes e todas obras do proprietário. O edifício central é em madeira. Construção dita standard que se adapta com alguma dificuldade à topografia. Agradados com a vivência de uma casa em madeira, a Família, agora mais numerosa, pretende aumentar a Sala e um Quarto com as condições para uma vivência ou ocupação permanente. Quando se começa a mexer no existente, aos poucos, começa a ser evidente que não basta justapor ou colar novas áreas, novos volumes.
É necessário reorganizar e fazer correções. De imediato ficou claro que o evidente respeito pelo existente – bem tratado pelos proprietários – obrigaria a que a adição de novos volumes ao existente teria que ser de modo que facilitasse a linguagem como com a construção, pois a casa continuaria a ser usada durante o período de construção. Longe da minha imaginação que algum dia iria adaptar a minha linguagem arquitetónica a uma construção – existente – da qual não sou particularmente respeitoso mas que, pela existência e valor, a tratei como se um monumento fosse. Foram estudados os desenhos de construção, verificadas medidas, feito levantamento topográfico da envolvente. Tudo ao milímetro. O Quarto – principal – destaca-se do volume dos quartos por um pescoço na continuação do corredor existente. Adapta volume e cobertura às cotas do existente. Integrasse, mas cria uma personalidade própria, contemporaneidade e restituindo valor ao existente. Abre-se, amplamente, sobre a paisagem, criando privacidade.
A Sala isola-se como uma varanda coberta sobre a paisagem a poente. Abre a casa sobre a paisagem. Este novo volume, com a sua cobertura em cobre com duas masseiras, cria uma nova imagem à chegada, obrigando a recriar o acesso abrindo os espaços, recebendo pessoas e horizonte. Impõe-se ao existente, mostrando volume e espaço e materialidade. É justaposto, com cuidado, mas passou a ser dominante ou dominador do conjunto. Eleva-se absorvendo o espaço de estacionamento coberto. Marca e hierarquiza acessos e esconde espaços técnicos. A vegetação – quase luxuriante – é mista e quase mística. A horizontalidade – quase exagerada – das azinheiras contrasta com outras espécies, mais verticais, importadas e comuns nestes jardins ecléticos. Como sempre assim foi.